Provavelmente a América não voltará a viver um ano horribilis como o de 1968: o aprisionamento pela Coreia do Norte de um navio espião americano e da sua tripulação no mar do Japão, a ofensiva vietcong do Tet no Vietnam, o assassinato do Dr. Martin Luther King e do Senador Robert Kennedy, a cada vez maior contestação à guerra do Vietnam, os tumultos de rua na Convenção Democrática em Chicago e a eleição de Nixon sucederam-se em catadupa. E quando se pensava que mais nada de mau poderia já acontecer ao povo americano, eis que este assiste, horrorizado, à descrição do massacre de My Lai.
Perpetrado pela Charlie Company, 1st Battalion, 20th Infantry Regiment, 11th Brigade, Americal Division, a chacina de My Lai também conhecida como "Song My Massacre" aconteceu em 16 de Março de 1968 em plena Ofensiva do Tet numa pequena aldeia da provincia sul-vietnamita de Quang Ngai suspeita de albergar o 48º Batalhão do NLF. No massacre pereceram 504 civis vietnamitas, alguns dos quais mutilados, e, para a posteridade, além das vítimas e do horror do massacre, ficaram William Laws Calley Jr., o oficial que ordenou o ataque, a política americana no Vietnam e toda a cadeia hierárquica de comando do exército incluindo o chefe supremo, o Presidente Americano.
Para a história ficou também, mas pelo motivo inverso, Hugh C. Thompson, Jr. piloto de helicóptero em missão de reconhecimento que, ao presenciar o sucedido, ameaçou disparar as metralhadoras do seu helicóptero sobre as forças americanas se a chacina de civis vietnamitas não parasse naquele instante. Assim pôs cobro a um dos mais tenebrosos episódios de toda a guerra do Vietnam e da história dos EUA.
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