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domingo, 29 de novembro de 2009

General britânico diz que Blair deve responder por crimes de guerra
Por Redacção

Michael Rose defende que Tony Blair deveria comparecer em tribunal. O general britânico gostaria de ver o antigo primeiro-ministro do Reino Unido responder por crimes de guerra no Iraque.

A investigação em curso sobre aquela guerra está a clarificar algumas coisas. Avança Rose, como exemplo, segundo Daily Mail: os serviços secretos britânicos informaram que o Iraque tinha destruído o seu arsenal químico, dez dias antes da invasão do país.

Christopher Meyer, antigo embaixador britânico nos Estados Unidos, já tinha denunciado o «pacto de sangue» entre Blair e George W. Bush, com o fim de derrubar Saddam Hussein, um ano antes do início da guerra. A dificuldade terá sido o pretexto.
17:22 - 28-11-2009
 
http://www.abola.pt/mundos/ver.aspx?id=184591

domingo, 22 de novembro de 2009

Governo britânico sobre as lições aprendidas com a guerra no Iraque revela erros "atrozes"

22/11/09 - 09h08 - Atualizado em 22/11/09 - 09h05

Relatório britânico sobre guerra no Iraque revela erros "atrozes"





Londres, 22 nov (EFE).- Um relatório do Governo britânico sobre as lições aprendidas com a guerra no Iraque revela erros "atrozes" na preparação da invasão para derrubar Saddam Hussein, em 2003, e tramitar a posterior ocupação.

O documento, citado hoje pelo jornal "The Sunday Telegraph", vem à tona dois dias antes do início da investigação pública sobre a participação do Reino Unido na guerra, que contou com o apoio do então primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair.

Segundo este jornal, o relatório contém entrevistas com altos comandantes do Exército, que explicam que as tropas britânicas foram expostas a "riscos significativos" por causa de uma operação "precipitada", que "mão teve coerência e recursos".

São centenas de páginas com dados classificados como "secretos", nos quais os responsáveis da invasão no terreno expressam sua frustração e insatisfação com o Governo.

Esta preparação precipitada foi porque Blair quis manter em um pequeno círculo seus planos para apoiar os Estados Unidos na invasão ao Iraque, que, segundo este documento, começaram em fevereiro de 2002, 13 meses antes do início da operação militar, e que tinham como objetivo principal derrubar Saddam Hussein.

Durante todo o ano de 2002, Blair reiterou publicamente que o objetivo do Reino Unido era "desarmar o Iraque, não mudar seu regime", e que não havia preparativos em andamento para invadir o país enquanto continuassem os esforços diplomáticos para que o deposto regime de Bagdá renunciasse a seu inexistente arsenal de destruição em massa.

O general Graeme Lamb, responsável das forças especiais durante o conflito, diz textualmente no relatório: "estive preparando a guerra desde o início de 2002".

Os documentos revelam que a invasão contou com recursos quase ridículos, ao ponto de algumas unidades terem entrado em combate com cinco balas para cada soldado.

Também evidencia que muitos militares tiveram que ser deslocados até a zona de combate em aviões de companhias aéreas comerciais, levando seu armamento como bagagem de mão, que em alguns casos foi confiscada nos aeroportos.

O sistema de rádio durante o combate parava de funcionar todos os dias às 12h por causa do calor e a rede de provisões mostrou erros tão ridículos como o de fazer chegar até o deserto "um contêiner cheio de esquis", segundo um dos militares.

O Foreign Office só criou um departamento para tramitar o pós-guerra três semanas antes do início da disputa, que elaborou planos que "não continham detalhes sobre que fazer depois que Bagdá tivesse caído", o que causou vários problemas.

Os chefes militares qualificaram de "atroz" e "horrorosa" a falta de apoio do Governo à reconstrução, o que, nas palavras de alguns comandantes, fez com que "se perdesse uma oportunidade de ouro" para ganhar o apoio da população iraquiana.

Também denuncia a quase absoluta ausência de planos para salvaguardar a segurança dos civis iraquianos e para cumprir as obrigações de guerra da Convenção de Genebra.

A análise do combate conclui que foi "um êxito militar significativo", mas admite que foi contra "um Exército de terceira" e que não teve a preparação necessária para enfrentar os problemas dos cruciais 100 primeiros dias da ocupação. EFE


http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1387893-5602,00-RELATORIO+BRI

sábado, 14 de novembro de 2009

Chavistas protestam contra bases americanas na Colômbia

Chavistas protestam contra bases americanas na Colômbia
CARACAS, Venezuela — Milhares de seguidores do presidente venezuelano, Hugo Chávez, participaram nesta sexta-feira em Caracas e San Cristóbal, capital do estado fronteiriço de Táchira, de uma passeata contra a instalação de bases americanas na Colômbia através do acordo militar entre Bogotá e Washington.
"Colombianos, acordem! Neguem-se a assinar este acordo, vocês não estão sozinhos", exclamou Ana Elisa Osorio, dirigente do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), organizador da passeata, na qual participaram membros do executivo venezuelano e o ministro das Relações Exteriores, Nicolás Maduro, e de Comércio, Eduardo Samán.
"Nós os venezuelanos, desde a Revolução bolivariana, estamos atentos para sermos um suporte", afirmou Osorio.
Os manifestantes carregavam cartazes com mensagens como "Não queremos que a Colômbia seja o Israel da América Latina", "Não às bases ianques na Colômbia" e "Não queremos guerra, fora, bases".
"Eles (os colombianos) é que estão buscam a guerra, trazendo armas. A América Latina não quer uma guerra", destacou um dos manifestantes.
Domingo passado, Chávez pediu aos militares e ao povo venezuelano que se preparem para a guerra diante da ameaça que, segundo ele, representam as bases militares americanas, embora dias depois tenha negado que queira provocar um conflito armado com a Colômbia.

http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5g-EE6d541b5k42qPSldfbFeJ63XQ

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

"ameaças de guerra" da Venezuela

08/11/09 - 23h00 - Atualizado em 08/11/09 - 23h00

Colômbia diz que levará "ameaças de guerra" da Venezuela à ONU e à OEA





Bogotá, 8 nov (EFE).- O Governo da Colômbia anunciou hoje que levará as "ameaças de guerra" lançadas pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, ao Conselho de Segurança da ONU e à Organização dos Estados Americanos (OEA).

"A Colômbia não fez nem fará um só gesto de guerra à comunidade internacional, muito menos a países irmãos", diz um comunicado divulgado pela Presidência, acrescentando que o Governo "mantém sua disposição ao diálogo franco" para sair da crise com a Venezuela. EFE

http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1371343-5602,00-COLOMBIA+DIZ+QU

domingo, 8 de novembro de 2009

Álcool. Infelizmente Lícito

Álcool. Infelizmente Lícito


 

O alcoolismo e todas as demais dependências químicas, ao contrário das outras doenças, é uma patologia coletiva, pois ataca e afeta profundamente todos aqueles que estão ligados afetivamente ao usuário. O usuário é chamado de "dependente" e pais, avós, cônjuges, namorados, irmãos, etc...são chamados de "codependentes".
Esta é uma das dificuldades no manejo desta doença, pois de nada adianta tratar apenas o usuário. A família também precisa se tratar, mudar de conduta, deixar hábitos antigos. De nada adianta querer que o filho deixe de beber se a família mantém barzinho em casa e todos bebem socialmente. Jamais esquecer que quem bebe social...mente. O exemplo não é mais apenas uma maneira de educar: é a ÚNICA maneira de educar. Pais e professores alcoólatras e fumantes esquecem disso, lamentavelmente.
O alcoolismo é uma dependência devastadora, pois destrói o dependente física e psicologicamente, além de levá-lo à ruína financeira, social e familiar. É comum o alcoolista ficar solitário, pois em certos casos a família esgota sua energia, suas finanças e adoece de tal forma que não vê outra solução senão a de abandonar o dependente à sua própria sorte.
É inútil pensar que a dependência é um desvio de caráter, que é uma vergonha para a família e coisas deste tipo. É uma doença, está registrada no CID (Código Internacional de Doenças). É uma patologia incurável, progressiva e fatal, se o dependente não tiver um manejo adequado. Analogia: o diabetes é uma doença crônica incurável, mas se o doente se conscientizar disso, se mantiver rigidamente longe do açúcar, fizer uma dieta adequada e seguir todos os conselhos médicos, morrerá de outra doença e jamais de diabetes. O mesmo ocorre com o alcoólatra: ele terá de usar de todos os recursos e motivações para se manter longe da sua droga para o resto da vida. E isso é uma tarefa difícil de cumprir.
Por isso, surgiram os grupos de mútua ajuda, uma feliz iniciativa de Bill e Bob, dois norte-americanos (um médico e outro, corretor da bolsa de valores de Nova Iorque) que fundaram os Alcoólicos Anônimos, mais conhecidos por AA. Os AAs foram fundados há mais de 70 anos e hoje estão presentes em quase todos os países do mundo, com notáveis resultados na recuperação de alcoólatras. Resultados reconhecidos pelos médicos e psicólogos. Tanto é verdade que os profissionais da medicina, nos hospitais, recomendam ao alcoolista que está por receber alta que trate imediatamente de frequentar um grupo de AA.
A partir dos AAs, surgiram dezenas de outros grupos de mútua ajuda: NA, NARANON, CCA, etc...cada um com seus objetivos próprios, mas todos seguindo o mesmo programa de "12 passos" criados por Bill e por Bob. Existe uma farta literatura sobre este tema disponível nas boas livrarias e também junto aos próprios grupos que funcionam na cidade.
Obedecendo a uma sistemática semelhante, existe o chamado "Amor Exigente", ligado à PACTO - Pastoral de Auxílio ao Toxicômano, da Igreja Católica, com reuniões para dependentes e familiares, além das comunidades terapêuticas para internação (as chamadas "fazendas"), nas quais o dependente de álcool ou de outras drogas cumpre uma internação de nove meses.

A identidade dos frequentadores dos AAs é mantida no mais total anonimato, assim como o teor de seus depoimentos das reuniões. Os grupos se mantém às suas próprias custas e são terminantemente recusadas ajudas financeiras, de qualquer tipo, vinda de estranhos ao grupo.
Independente do tratamento, internação, terapia com psiquiatras e psicólogos, a frequência aos grupos de AA é reconhecida por estes profissionais como de imprescindível necessidade para a manutenção da abstinência do dependente. Os profissionais e paramédicos que atuam nos estabelecimentos que tratam de alcoolistas, reconhecem claramente que os AA conseguem verdadeiros milagres, pois  existem alcoolistas que estão abstinentes do álcool (de "cara limpa" no jargão popular) há mais de vinte anos.
É uma luta para toda a vida. Mas que vale a pena.


JAMES PIZARRO
Professor aposentado da UFSM
Voluntário da PACTO - Pastoral de Auxílio ao Toxicômano

Muro de Berlim 20 ANOS DEPOIS

8 de novembro de 2009.

REVOLUÇÃO PACÍFICA E EXITOSA

A queda do Muro de Berlim 20 ANOS DEPOIS

A ALEMANHA VIVEU UMA VERDADEIRA REVOLUÇÃO, PACÍFICA E EXITOSA

Quando, em 1989, caiu o principal símbolo da Guerra Fria, o Muro de Berlim, o mundo se viu diante de uma oportunidade única para se redescobrir. No entanto, tem sido necessário até hoje um imenso esforço para integrar essa nova situação à ordem política e ao dia a dia das sociedades.

Assim, novos e velhos conflitos se sobrepuseram, com perigosas heranças e arriscados recomeços. Isso não se refere apenas aos países europeus, trata-se de um fenômeno mundial. O fato é que não presenciamos o “fim da história”, como previu apressadamente Francis Fukuyama.

A experiência de 1989, para muitos jovens, já pertence a um passado que, no dia a dia, traduz-se apenas, literalmente, aos souvenirs daquela época. Principalmente por essa razão, os últimos meses têm sido marcados, sobretudo aqui na Alemanha, mas também na França e em outros países, por um esforço no sentido de dar atualidade a esse passado, com o compartilhamento de lembranças e experiências.

Muros como divisores de mundos existiram não somente em Berlim. Infelizmente, eles continuam a existir entre Estados Unidos e México, Israel e Palestina, Coreia do Norte e Coreia do Sul, Chipre turco e Chipre grego, para mencionar apenas os mais notórios.

Há, ainda, muros que não são de pedra nem de arame farpado, como os que separam a Ucrânia da Europa Central e a África da península Ibérica e Itália. Os dois impedem as pessoas de tentarem uma nova vida na Europa.

As fronteiras têm uma ambivalência histórica na medida em que os muros sinalizam não apenas a divisão ou o isolamento, mas também proteção. A Alemanha Oriental não chamou o Muro de Berlim, cinicamente, de “proteção antifascista”?

Para a Alemanha, a principal consequência da queda do Muro de Berlim foi a reunificação, uma verdadeira revolução alemã, pacífica e exitosa. Com a reunificação, a Alemanha chegou às suas verdadeiras fronteiras depois de tantas idas e vindas. A Alemanha tornou-se Alemanha sem todas aquelas provisoriedades e aspas.

Os temores, principalmente dos franceses e ingleses, de que uma Alemanha reunificada e forte pudesse novamente ameaçar a estabilidade da Europa, mostraram-se infundados. Após um breve “intermezzo” preto-vermelho-amarelo, a Alemanha voltou a se concentrar no europeísmo que havia abraçado logo após a guerra.

Para que despertasse algum sentimento patriótico, a “Wende” (ou virada, como também é aqui chamada a reunificação) chegou, historicamente, tarde demais. Nem a Copa do Mundo de 2006 foi capaz de reacender, como muitos pensavam, algum sentimento patriótico. A euforia que eu próprio pude testemunhar aqui era pelo futebol mesmo.

Ocorre que, em 1990, no momento em que a Alemanha se tornou finalmente uma nação plena, o Estado-nação, pelo menos aqui, já era visto como um modelo ultrapassado. As experiências anteriores da Alemanha como Estado-nação foram negativas para si própria e para seus vizinhos.

Assim, ao surgirem, no pós-guerra, duas Alemanhas, a República Federal da Alemanha passou a se ver como um Estado “pós-nacional”, e a República Democrática Alemã abraçou o internacionalismo.

Como resultado, a Alemanha passou a ser considerada pelos próprios alemães, em grande medida, como uma etapa intermediária do desenvolvimento desse espaço geográfico em direção a uma identidade transnacional, europeia.

Com grande entusiasmo, a Alemanha sacrificou o marco alemão no altar da União Europeia, com igual entusiasmo abriu as fronteiras para o Leste e os alemães tornaram-se os europeus por excelência. Não se pode esquecer, por outro lado, que a Alemanha é uma nação tardia e que a noção de “cultura alemã” é anterior ao Estado-nação que, por sua vez, surgiu na forma de dois blocos, o da Prússia luterana e o da Áustria católica.

20 anos após a queda do muro, a Europa está novamente diante de um momento histórico. Assim como em 1989, o Ocidente e o Leste se reencontraram, e neste ano o Tratado de Lisboa da União Europeia entrará finalmente em vigor.

O tratado tem muito a ver com aqueles dias históricos em Berlim há 20 anos, pois, com a queda do muro, aumentou expressivamente o número de membros da União Europeia, sem que ela contasse com meios para facilitar a administração desse clube ampliado. Com o Tratado de Lisboa, a EU disporá dos instrumentos que permitirão uma presença mais efetiva no mundo e uma melhor coordenação entre seus membros. Sem dúvida, um importante legado de 1989.
ROBERTO COLIN | Diplomata, ministro-conselheiro da Embaixada do Brasil em Berlim


http://www.clicrbs.com.br/anoticia/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&s

sábado, 7 de novembro de 2009

PORTUGAL DE UILTRAMAR 1962

novembro 06, 2009

Guerra Colonial - 'Nunca pedimos desculpa'

Manuel José Homem de Mello, figura ligada ao Estado Novo, que em 1962 defendeu uma solução política para o Ultramar, estranha que Portugal tenha "sempre razão"

Foto «Diário de Notícias»
Manuel José Homem de Mello, figura ligada ao Estado Novo, expressou ontem a sua estranheza por Portugal ser "o único" actor política na cena internacional que "não pede desculpa".
"Os EUA pediram desculpa pelo Vietname. A Igreja Católica pediu desculpa pela Inquisição [e] pelas Cruzadas. Todo o mundo pede desculpa. Portugal não pede desculpa a ninguém. Acho isto uma coisa extraordinária", pois "Portugal enganou como os outros", considerou Manuel José Homem de Mello, sentado ao lado do ex-Presidente da República Mário Soares, no lançamento da reedição do livro de 1962 - Portugal, o Ultramar e o Futuro - que, segundo o professor Paulo Otero (apresentador da nova edição) "é a primeira obra" escrita por "alguém do interior do regime" do Estado Novo que "põe em causa a política ultramarina de Salazar".
Segundo Homem de Mello, Portugal "podia ter sido o primeiro Estado colonial] a sair do Ultramar e foi o último" a deixar as suas colónias. "Perdemos a guerra, que podíamos não ter feito. Perdemos o Ultramar, quando podíamos ter ficado se tivéssemos saído a tempo e horas."
Para Mário Soares, o livro agora reeditado "é histórico e pioneiro" por falar - "em 1962", realçou - na "necessidade de uma solução para o Ultramar que era política e não militar". Recorde-se que Homem de Mello tinha sido deputado à Assembleia Nacional entre 1957 a 1961, assumindo depois e até 1964 as funções de assessor político do Presidente da República Craveiro Lopes. Voltaria a ser deputado entre 1969 e 1974.
Paulo Otero assinalou ainda que "a História deu dramaticamente razão aos receios manifestados" por Homem de Mello no livro, onde sustentou que "se não fo[ss]em os portugueses a dar autonomia" às colónias, "a emancipação surgir[ia] contra nós".
Por Manuel Carlos Freire «Diário de Notícias»
Publicado por Jorge Santos - Op.Cripto em novembro 6, 2009 04:22 PM | 

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

evitar guerra civil

Candidato afegão desiste para evitar guerra civil

por LUMENA RAPOSOHoje
Candidato afegão desiste para evitar guerra civil
Abdullah Abdullah abandonou a segunda volta das presidenciais mas não apelou ao boicote nem recusou a hipótese de partilha de poder. Uma atitude que o Ocidente aplaudiu e que terá mesmo forçado.
"Não é possível um escrutínio transparente", disse Abdullah Abdullah ao justificar, ontem, a sua decisão de não disputar a segunda volta das eleições com o Presidente cessante Hamid Karzai, no próximo sábado, dia 7. Esta decisão terá sido recebida com alívio por responsáveis ocidentais, preocupados com um aumento da violência talibã durante o escrutínio. Mas não só: analistas revelam que uma vitória de Abdullah significaria a guerra civil.
Falando perante anciãos tribais e antigos líderes mujaedines - oriundos na sua maioria da região tajique do Norte do Afeganistão -, reunidos numa grande tenda montada no ocidente de Cabul, Abdullah contou como lhe fora difícil tomar a referida decisão. Com a voz embargada pela emoção e procurando conter as lágrimas, adiantou que o fazia em "protesto contra as acções ilegais do Governo e da Comissão Eleitoral".
Abdullah, que pediu aos seus apoiantes para manterem a calma e não saírem à rua, garantiu à imprensa não estar a fazer qualquer apelo a um boicote ao escrutínio. Uma posição que lhe mereceu o aplauso da ONU e de outros responsáveis ocidentais porque, se o fizesse, minaria em absoluto a já frágil legitimidade de Karzai.
Oficialmente, a desistência de Abdullah justifica-se pela recusa de Karzai em demitir três ministros e o responsável da Comissão Eleitoral, responsáveis pela corrupção que se registou na primeira volta do escrutínio. Fontes credíveis avançaram outra explicação: a de Abdullah poder sair vencedor da segunda volta o que mergulharia o país numa guerra civil. Posição claramente verbalizada por Thomas H. Johnson, director de Cultura e Estudo de Conflitos na Escola de Pós-graduação da Marinha americana.
Abdullah é um tajique, tal como 15% da população do país, maioritariamente pastune. Karzai é um pastune, assim como a maioria dos talibãs. Cativar os ditos "talibãs moderados" para a esfera do poder, uma iniciativa que os EUA privilegiam, seria, segundo analistas, impossível de conseguir com um presidente tajique.
Por essa razão e também pelos problemas de segurança que se colocam à segunda volta, tendo em conta as ameaças dos talibãs e o aumento dos seus ataques, responsáveis ocidentais terão pressionado Abdullah para, em vez de desafiar Karzai nas urnas, fazer um acordo de partilha de poder.
Fontes citadas pela imprensa britânica dão conta de que, no sábado de manhã, os dois responsáveis estiveram prestes a fechar um acordo mas, no último minuto, algo correu mal. Abdullah, sem o confirmar ou desmentir, afirmou não estar interessado "num acordo de pastas [ministeriais] mas numa reforma constitucional". É provável que esse tenha sido o obstáculo.
Ontem, ao ser inquirido pela imprensa sobre a possibilidade de um acordo, Abdullah não o rejeitou como o deu a entender ao afirmar que "no Afeganistão, até as pessoas com quem lutamos se sentam e discutem connosco."
Em Cabul debate-se a segunda volta e os EUA dizem-se prontos a trabalhar com o novo presidente.

http://dn.sapo.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1