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segunda-feira, 2 de novembro de 2009

evitar guerra civil

Candidato afegão desiste para evitar guerra civil

por LUMENA RAPOSOHoje
Candidato afegão desiste para evitar guerra civil
Abdullah Abdullah abandonou a segunda volta das presidenciais mas não apelou ao boicote nem recusou a hipótese de partilha de poder. Uma atitude que o Ocidente aplaudiu e que terá mesmo forçado.
"Não é possível um escrutínio transparente", disse Abdullah Abdullah ao justificar, ontem, a sua decisão de não disputar a segunda volta das eleições com o Presidente cessante Hamid Karzai, no próximo sábado, dia 7. Esta decisão terá sido recebida com alívio por responsáveis ocidentais, preocupados com um aumento da violência talibã durante o escrutínio. Mas não só: analistas revelam que uma vitória de Abdullah significaria a guerra civil.
Falando perante anciãos tribais e antigos líderes mujaedines - oriundos na sua maioria da região tajique do Norte do Afeganistão -, reunidos numa grande tenda montada no ocidente de Cabul, Abdullah contou como lhe fora difícil tomar a referida decisão. Com a voz embargada pela emoção e procurando conter as lágrimas, adiantou que o fazia em "protesto contra as acções ilegais do Governo e da Comissão Eleitoral".
Abdullah, que pediu aos seus apoiantes para manterem a calma e não saírem à rua, garantiu à imprensa não estar a fazer qualquer apelo a um boicote ao escrutínio. Uma posição que lhe mereceu o aplauso da ONU e de outros responsáveis ocidentais porque, se o fizesse, minaria em absoluto a já frágil legitimidade de Karzai.
Oficialmente, a desistência de Abdullah justifica-se pela recusa de Karzai em demitir três ministros e o responsável da Comissão Eleitoral, responsáveis pela corrupção que se registou na primeira volta do escrutínio. Fontes credíveis avançaram outra explicação: a de Abdullah poder sair vencedor da segunda volta o que mergulharia o país numa guerra civil. Posição claramente verbalizada por Thomas H. Johnson, director de Cultura e Estudo de Conflitos na Escola de Pós-graduação da Marinha americana.
Abdullah é um tajique, tal como 15% da população do país, maioritariamente pastune. Karzai é um pastune, assim como a maioria dos talibãs. Cativar os ditos "talibãs moderados" para a esfera do poder, uma iniciativa que os EUA privilegiam, seria, segundo analistas, impossível de conseguir com um presidente tajique.
Por essa razão e também pelos problemas de segurança que se colocam à segunda volta, tendo em conta as ameaças dos talibãs e o aumento dos seus ataques, responsáveis ocidentais terão pressionado Abdullah para, em vez de desafiar Karzai nas urnas, fazer um acordo de partilha de poder.
Fontes citadas pela imprensa britânica dão conta de que, no sábado de manhã, os dois responsáveis estiveram prestes a fechar um acordo mas, no último minuto, algo correu mal. Abdullah, sem o confirmar ou desmentir, afirmou não estar interessado "num acordo de pastas [ministeriais] mas numa reforma constitucional". É provável que esse tenha sido o obstáculo.
Ontem, ao ser inquirido pela imprensa sobre a possibilidade de um acordo, Abdullah não o rejeitou como o deu a entender ao afirmar que "no Afeganistão, até as pessoas com quem lutamos se sentam e discutem connosco."
Em Cabul debate-se a segunda volta e os EUA dizem-se prontos a trabalhar com o novo presidente.

http://dn.sapo.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1

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